terça-feira, 29 de setembro de 2009

Excesso de pirlimpimpim

Excesso de pirlimpimpim

Por Amanda Cristina Maciel Pellini

Seja por demerol, morfina, adrenalina, a morte do único astro do pop remanescente nunca será revelada, assim como sua vida, e o medo das pessoas em o confrontarem, escondido por comentários jocosos e não compreensão.
Michael Joseph Jackson morre fisicamente (ou não para algumas teorias conspiratórias), mas não era por menos, ele sabendo ou não devido ao estado de sonolência, assinou imprudentemente uma série de, “horas-extras”, representadas por shows, e sim cansado, viciado em remédios inibidores de dor, chega enfim ao esperado talvez: óbito prematuro.
Pudera tudo na vida de Joseph foi prematuro: a dança, o canto, a genialidade, os abusos bíblicos e não bíblicos cometido pelo progenitor, o choro de olhar pela janela e ver inocentemente crianças brincando, os acessos de vômitos que tinha quando o pai chegava perto, o nariz redondo zombado pelo pai, as espinhas corriqueiras da adolescência, a religião que era fervorosa, ( a mãe obrigava ele e os irmãos a pedir esmolas na igreja), seu amor por animais, sua eterna busca pela infância, e nos anos seguintes, seu complexo de Édipo cultivado por amizades com mulheres mais velhas, a sua não confrontação com homens adultos, para talvez não o machucarem, sua inocência com o dinheiro que gerou uma dívida de 500 milhões de dólares, seu sucesso, sucesso, sucesso, sucesso! De 750 milhões de cópias vendidas.
Obvio não o conheci, também, poucos tiveram essa sorte, segundo a mãe, Katherine, ele era extremamente tímido eu no lugar dele eu também só confiaria nos animais e nas crianças, mas enfim infância conturbada tem de monte, afinal este para os freudianos é o mote dos problemas futuros.
Escreverei sobre outra ótica o aspecto de ídolo da massa afinal moonwalk não era só um rastro copiado por todos e sim, um rastro de milhões de dólares. Por quê? Joseph (o chamarei assim, pois, é a parte comum dele a parte escondida, herdada “mal e porcamente” do pai) era o que eu chamo de ultra humano, não ele não era como mostra bem os fatos e o titulo de seu cd invencível, ele era humano demais, sim tinha um coração pelo que me parece muito bom, mas isso não é ser humano, não é disso que falo, falo da concentração de diversas frustrações modernas em uma pessoa só... Recapitulando os episódios: 4 (ou mais) plásticas no nariz, rancho com parque de diversões, dançava de um jeito hegemônico implicitamente dizendo “vamos lá tenta me copiar!”, era super solitário, queira e “teve” filhos, cogitou um papel no cinema, era viciado em “dorflex megaplus”, abasteceu uma divida no final da vida, não gostava do que via no espelho, queria ser jovem eternamente, estou falando de Joseph ou de uma tia do leitor?
E é uma comprovação quase que imediata a relação extrema de Joseph e os complexos modernos, visto que, enquanto anunciavam a sua morte em um destes programas vespertinos, Sônia Abrão eu acho, de meia em meia hora o especial era interrompido por merchandisings persistentes, hora de remédios milagrosos como o cogumelo do sol, hora de pomadas que te deixam jovem em 10 minutos, anuncio de câmera digital embalado na idéia de você também fazer seu video-clip, shakes dietéticos, ou seja todas as propostas modernas para uma vida mais feliz
Quando menciono então a “frustração em forma de gente” não estou falando de MJJ, e sim de qualquer um, quem neste mundo não ficou atrás de uma maquina 14 horas por dia fazendo hora extra para pagar uma divida do carro, quem não passa um creminho milagroso para ficar, algumas rugas mais nova, ou melhor que mulher insatisfeita com as madeichas não urrou com a invenção da progressiva! Quem não tomou aquela Novalginasinha para curar sem prescrição aquela antiga dor de cabeça, quem não deu aquele tapa no nariz e de repente sem os amigos perceberem mudou completamente : “ foi só uma correção de septo galera”, quem não tenta ter filhos a qualquer custo pois vê a vida passar e não deixou nada no mundo, e minha gente essa é a “top modernidade” quem nunca passou do limite no cartão e fica pagando o mínimo e só vai liquidar a divida quando morrer! Vamos encarrar os fatos, é certo que se juntarmos isso tudo em um único ser humano, teremos o Michael Joseph Jackson, que com fama e dinheiro, além de pop star, era um ermitão incompreendido, e misterioso, pois eu desculpa não vejo mistério algum, sim vejo você eu e todos do mundo, em busca de uma fuga em um rancho, e daquele antigo sonho de criança de ter uma piscina cheia de chicletes, quantos juvenis de 50 anos, não ficam ricos e comprar um PS3 e babam feito bobões jogando com os filhos, todos nós queremos ser crianças, e infelizmente digo a maioria, não me excluindo disso, ainda não alcançou a maturidade necessária, para fazer um mundo melhor, não sabemos administrar nossas dividas, nossos anseios, nossos traumas assim como um astro que movimentos mesmo com todas suas “normais esquisitices” milhoes de pessoas a dançarem o moonwalk, o american way of life passou por ali quicando na cabeça de Michael e deixou sua busca algo infundado e o escravizou até dia 24/06/2009.
Entre outras coisas, Joseph cultivava o mito de que tudo é possível, tudo “eu posso”, tudo eu quero. E neste mundo onírico entre deus e bicho, onde tudo eu sou, é esplêndido assegurar, que a cada injeção de botox somos o retrato fiel daquela carinha branca de boneco esticada e assombrosa, sou e você é alguém vislumbrado e entorpecido em busca de mais pó de pirlimpimpim para injetar na veia, e ser jovem mais um dia.Assim resumindo bem, dentre as coisas marcantes inventadas pelos EUA a afirmação que cabe neste caso é: a coca-cola deu-nos a felicidade o Michael Joseph Jackson nos mostrou como ficamos quando ela acaba.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

à Camila Abucham

http://www.youtube.com/watch?v=4Qvm-8W3thc video de sapateado da Camis fulgas mas denominante

Relevância

Muitas vezes nos perguntamos, mas o que mesmo eu vim fazer aqui? Isso em um lugar ou até mesmo em uma situação, não medimos os metros de nossas atitudes, e colocamos a mão na cabeça, nos questionamos os porquês como um movimento natural, natural não, humano. Pois o natural é da natureza, vitima da nossa fome de significados, tentamos a todo momento encaixá-la nossas simetrias, mas nela não há seque uma reta, ou uma curva perfeita.
Não sei da historia até hoje de alguém que segurou um vento, e nas mudanças de clima, dos novos tempos uma chama pode ser facilmente apagada, e é coerente supor uma única coisa, nossa inércia e nossa impotência diante de coisas simples, pois procuramos os porquês, mas eles não estão nem ai pra gente.
Quem realmente sofre com isso são as almas que vagam em um mundo sobre-humano, junto com a minha ou com a sua, um mundo cíclico, girando, girando, dentre áureas e sombras e por diversas vezes dão rasantes aqui debaixo, se deparando com nosso mundo, se deparando com alguém que nunca dá a cara à bater, a senhora realidade, uma pedra de pessoa, amarga e inerte.
E nossa pobre alma volta assim para uma mundo de lá apreensiva, cabisbaixa, e nós com toda nossa impotência, só temos nossa tenderizada carne para afagá-la, nossa vida perene para conduzi-la e na maioria das vezes não sabemos como agir, em outra agimos, e com o corpo fadado ao tédio, e com a farda de sarja de uma mesma e mesma e mesma vida, sorrimos ao máximo para dizer como essa pobre alma agir ou para ela entender o que pra nós é felicidade, choramos ao Maximo, para dizer como ela fala, e sim com certeza em sua maioria a deixamos quieta com uma cara blasê, amena, simplesmente por não saber como esse troço funciona, mas ela é artista e age como quer agir, é esperta e tem vontade própria.
O que nos consola é um ponto que nos une, corpo e alma, a memória,. Que forjada ou não, gurada o que nos marcou, eu e minha alma, lá estavamos juntas a cada momento, como um jogo de quadros um filme, um roteirista outra diretora. Cenas sem prévia que sempre serão vividas adiante. Cenas de memória memoráveis, onde o homem nunca poderá segurar o vento!
E disso me lembro bem disso nunca vou me esquecer.
Que se viva então amarga ou docemente, sua futura memória, quase sempre já traçada, por suas mãos ou pela mão da alma. Faça - o de forma simples, com amor e valor de vidro, mandando noticias sempre ao acalanto e a realidade, para que tudo flua como o combinado para que seu sorriso seja sua marca, que as interrupções na sejam longas ou bruscas, que seja só um tempo para assar pipocas.
Já que nada podemos fazer com cenas já vividas, que os próximos capítulos prevejam os sinais sísmicos do tempo, e que a alma de todos pegue a mesma seção, secção, sessão, de memorias, para que a carne padeça, com começo meio e fim, assim como o combinado, pois aqui na verdade só temos mesmo uns aos outros para compartilhar nossas histórias, e, por favor, dure mais um pouco nesse mundo onírico onde flores nunca morrem...
Obrigada a todos por escreverem juntos a lápis minhas memórias, amo e amarei a todos, sempre quero assim continuar, e por favor com todo o cuidado, qualquer coisa fora do combinado me avise.

À alma de Camila que dança por ai e a todas as nossas

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hegemonia da Felicidade

texto escrito a dez mil anos atrás

Porque a vida é agora?É uma questão direcionada ao contexto atual, que circula como mais uma mosca no cadáver aniquilado pelo efeito globalizado do mundo, que tem na sua tábua de mandamentos o fetichismo do tempo como regra mor, e deduzido por baixo, este sacrificado pela euforia, futuro carvão para que tudo isso aconteça, dentre as diversas perguntas que poderia ter feito para a morte deve ter feito esta: “Aceita cartão?”. E a morte por sua vez retrucou: “débito ou crédito?”. Esse tipo de transação é bem recorrente entre as relações contemporâneas, em quanto os paises subdesenvolvidos devem favor ao FMI, que além de não resolver problema algum impõe um calhamaço de medidas o ser humano é margeado pelo homônimo FMI (Felicidade Monetária Interpessoal), que através de imagens e falsas expectativas atribui medidas a pratica social.
A morte referida acima é a perda de identidade que apenas um telefonema de uma atendente de telemarketing ativo pode resgatar, assim você terá o documento dos dias de hoje, se sentirá aliviado, com menos carência, menos fragmentado, com seu número e conta. Essa campanha da marca Visa de cartão de crédito, é um resumo para quem quer entender a malha de relações vigentes, nela se vende que a felicidade deve ser agora, sem pensar, pois não temos tempo para isso e num impulso frenético temos a ilusão de ao possuir aquele totem de cartões de créditos na carteira, temos o que rege o mundo nas mãos, isso faz da a euforia do consumo uma prioridade do sentir-se bem, assim como livros de auto-ajuda, ocultando o real problema do faturamento no fim do mês as doze parcelas, enfim calando a instabilidade financeira apontada pela nova ordem mundial.
A vida então se torna uma jogatina que se passa em um eterno tabuleiro de entretenimento publicitário que dá conselhos de como se viver “neoliberadamente” onde quem vence é quem tem mais crédito, só que o que não sabemos é que o mesmo cartão que proporciona o momento da compra, pode em outro dia estar separando uma carreira de drogas, e embora o motivo das duas coisas acontecerem ser o mesmo o fato do homem que não sabe viver diante dos avanços e evoluções por ele criada, um homem intimidado pela pratica do “um por todos e cada um por si”, isso pouco importa a corporação (passará a importar se der lucro, ou abater do imposto) o que você fará no próximo minuto e sim que esse espaço de tempo a conduzirá para mais um montante de grana, rumo ao buraco negro do crescimento, em função das praticidade do divino plástico acarretando a problemas visíveis nesta e em futuras gerações.
Nosso poder de escolha está acumulado nos benefícios dos limites da conta que muitas vezes nos dá a impressão de não haver limite algum de que finalmente a escolha é nossa, mas que na verdade não temos escolha nenhuma só a de ser feliz, que isso faz parte da cultura onde cada ato impensado é justificado para o bem do futuro inserto. O caso aqui não é ficar livre do consumo isso é algo impossível já que somos algo consumível, mas ficar livre do estigma da busca ferrenha atrás da felicidade e desenvolver um argumento crítico para chegar a uma conclusão ou ao questionamento de que se é possível toda essa felicidade prometida e tão veloz quanto a passada do cartão.

curioso caso da velhice

Comprar é uma doença que nos faz gastar tempo, para domar o impulso de fazer o que realmente deveríamos fazer, é tudo tão efêmero agora, como todos fossemos jovens, ledo engano, pois a vida é um cronometro, e o tempo que passou já era, e nunca vamos suprir nossas nessecidades verdadeiras, pois talvez nunca saberemos quais são elas, impulsos, empurrões, noção de vida, porque não damos isso aos mais jovens, afinal um dia a mais é com certeza um dia a menos, e se soubéssemos da morte e de como ela cafunga em nossos cangotes tudo seria mais livre, o mercado odeia gente velha, tentamos eliminá-la de todas as formas, tintas pra cabelo, calçadas mal feitas, eutanásia, asilo, odiamos a idéia de estarmos ficando velhos, de nossas peles estarem apodrecendo por de trás de finos perfumes, dá medo, por então compramos, compramos, compramos, a morte parece muito um remorso, daqueles que perdoamos, a lerdeza da mocinha do caixa por notar que ela não tem um dedo na mão, ou daqueles, que perdoamos, um motorista devagar, por ele ser velhinho, mas o fazemos com compaixão, pois sabemos de nosso fim, lá no fundo, por isso o homem moderno gasta seu tempo, sem conhecer talvez e sem observar nenhum outro ponto de vista, é mais fácil, conhecer a morte na hora, como ele faz com os produtos e pessoas que compra, o pior é conhecer aos poucos, como deveria ser, ou conhecê-la quando se nasce, enfim, pensamos sempre duas vezes, quando deveríamos não pensar, e sim sentir, sentir, o velho pai indo embora, sentir o por do sol, sentir um conselho de nossas mães, e como uma criança acreditar em outros pontos de vista, que não seja o nosso hegemônico jeito de viver feliz...