terça-feira, 22 de setembro de 2009

curioso caso da velhice

Comprar é uma doença que nos faz gastar tempo, para domar o impulso de fazer o que realmente deveríamos fazer, é tudo tão efêmero agora, como todos fossemos jovens, ledo engano, pois a vida é um cronometro, e o tempo que passou já era, e nunca vamos suprir nossas nessecidades verdadeiras, pois talvez nunca saberemos quais são elas, impulsos, empurrões, noção de vida, porque não damos isso aos mais jovens, afinal um dia a mais é com certeza um dia a menos, e se soubéssemos da morte e de como ela cafunga em nossos cangotes tudo seria mais livre, o mercado odeia gente velha, tentamos eliminá-la de todas as formas, tintas pra cabelo, calçadas mal feitas, eutanásia, asilo, odiamos a idéia de estarmos ficando velhos, de nossas peles estarem apodrecendo por de trás de finos perfumes, dá medo, por então compramos, compramos, compramos, a morte parece muito um remorso, daqueles que perdoamos, a lerdeza da mocinha do caixa por notar que ela não tem um dedo na mão, ou daqueles, que perdoamos, um motorista devagar, por ele ser velhinho, mas o fazemos com compaixão, pois sabemos de nosso fim, lá no fundo, por isso o homem moderno gasta seu tempo, sem conhecer talvez e sem observar nenhum outro ponto de vista, é mais fácil, conhecer a morte na hora, como ele faz com os produtos e pessoas que compra, o pior é conhecer aos poucos, como deveria ser, ou conhecê-la quando se nasce, enfim, pensamos sempre duas vezes, quando deveríamos não pensar, e sim sentir, sentir, o velho pai indo embora, sentir o por do sol, sentir um conselho de nossas mães, e como uma criança acreditar em outros pontos de vista, que não seja o nosso hegemônico jeito de viver feliz...

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